Há algumas estruturas naturais que lembram muito animais ou plantas fossilizados, mas que têm origem inorgânica, sendo, por isso, classificadas de pseudofósseis. Entre esses pseudofósseis, os dendritos talvez sejam os mais notáveis, tanto pela frequência com que são encontrados quanto pelo seu aspecto.
Dendron, em grego, significa árvore. O nome – muitas vezes confundido com detrito – é muito apropriado, porque a forma dos dendritos realmente assemelha-se muito à de uma planta, arborescente, com numerosas ramificações. Os dendritos ocorrem principalmente em fraturas de algumas rochas ou entre duas camadas sucessivas delas. Eles são particularmente abundantes nas rochas vulcânicas da Formação Serra Geral, do Rio Grande do Sul, comercialmente chamadas de basaltos, embora sejam principalmente riodacitos.
Nessas duas fotos dendritos formados sobre rochas vulcânicas (Rio Grande do Sul)
Dendritos formados em ambos os lados de um pequeno sulco em riodacito do Rio Grande do Sul (acervo do Museu de Geologia da CPRM)
Em muitos locais, essas rochas mostram-se em estratos horizontais, limitados por superfícies bem planas, o que as torna muito adequadas para uso na pavimentação de calçadas. Com isso, nas cidades do Rio Grande do Sul é fácil encontrar calçadas com belos dendritos, como os que ilustram este artigo.
A água que penetra nos espaços vazios da rocha pode trazer manganês dissolvido. Quando encontra uma fenda horizontal, escoa nessa direção e, com isso, perde velocidade. A perda de velocidade permite que o manganês dissolvido precipite na forma de óxido. O dendrito, portanto, não se formou junto com a rocha, mas depois que ela já existia.
Apesar de seu aspecto tão delicado, ele é bastante resistente, resistindo surpreendentemente bem ao atrito dos calçados. Outra rocha que pode mostrar dendritos são os quartzitos micáceo, aquela rocha usualmente colocada em torno das piscinas.
Como foi dito no início, esses pseudofósseis têm origem inorgânica. Eles são minerais, principalmente óxidos de manganês. Como a pirolusita é o mais importante dos óxidos de manganês e a principal fonte desse metal, geralmente se acredita que os dendritos sejam formados por esse mineral. No entanto, em pesquisa feita por Potter & Rossman em 1979, foram analisados dendritos e películas manganesíferas procedentes de vários ambientes e nenhuma das amostras examinadas mostrou presença de pirolusita.
Dendrito em quartzo lapidado
Dendrito claro
Além das rochas, também alguns minerais podem mostrar dendritos, alojados em fraturas. São exemplos a opala e algumas variedades de quartzo, como ágata e cristal de rocha.
A foto acima mostra um belo quartzo lapidado, com inclusão de dendrito, que pode ser usado para confecção de uma gema muito original. Nesse caso, o dendrito forma-se numa fratura ou fissura do mineral. Isso permite que ali penetrem também outras substâncias, de modo que não é fácil encontrar um dendrito tão perfeito como o que se vê na foto à esquerda.
Na outra pode-se observar um tipo intrigante de dendrito. Ele é claro em um fundo escuro, dando a impressão de que houve deposição de manganês na forma de manchas contínuas e depois penetração de uma substância que dissolveu esse manganês lentamente, à medida que penetrava, formando então os dendritos.
Embora os dendritos sejam geralmente óxidos de manganês, vários outros minerais podem cristalizar dessa maneira, com hábito dendrítico, como dizem os geólogos. Um deles é o ouro.
A foto abaixo (autor ignorado) mostra um dendrito desse metal. O autor obteve, numa mina de ouro de Jacobina (BA), um fragmento de quartzo com cerca de 4 cm contendo um dendrito de ouro na superfície. O cobre e a prata podem também cristalizar com hábito dendrítico.
Ouro detrito
Turmalina em quartzo lapidado
Por fim, uma advertência: assim como o dendrito é um pseudofóssil, há também pseudodendritos. A foto à direita mostra um cristal de quartzo incolor (cristal de rocha) contendo no interior cristais aciculares de turmalina preta (schorlita). Em várias lojas do Rio de Janeiro vimos vendedores chamarem essa associação de dendrito, o que é totalmente errado.
Fotos
Pércio de Moraes Branco, salvo indicação em contrário.
Fonte da Informação: http://www.cprm.gov.br/
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