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segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Idade do Gelo









Extensão das calotes glaciárias polar e de montanha (Alpes e Pirinéus) na Europa durante a última glaciação (Würm).












Idade do Gelo é a expressão habitualmente usada para designar o último período geológico de arrefecimento da superfície e atmosfera terrestres, marcado pela expansão das calotes glaciárias (inlandsis) polares bem como das geleiras ou glaciares de vale, nas montanhas. No primeiro quartel do século XIX, o suíço, Jean-Pierre Perraudin (1767-1858) percebeu que, tempos atrás, os glaciares canalizados nos vales dos Alpes suíços haviam descido e coberto grande parte desses vales e que, nos últimos milénios, haviam recuado gradualmente para as posições que actualmente ocupam. Verificou ainda, que, na descida, essas “línguas de gelo” arrastaram grandes amontoados de calhaus e blocos de rocha, por vezes polidos e/ou estriados, para as zonas mais baixas e aí os deixaram quando o gelo fundiu.

A residência deste precursor do glacialismo foi, mais tarde, transformada no Museu do Glaciar. Embora hoje familiar para a maioria das pessoas, a ideia de Perraudin foi rejeitada pela comunidade científica de então, mas não tardou a encontrar defensores. Um deles foi o naturalista suíço Ignaz Venetz (1788-1859), considerado o fundador da glaciologia. Na sequência das observações de Parraudin e vencendo a forte oposição de uma boa parte dos seus contemporâneos mais influentes, Venetz confirmou as observações deste seu conterrâneo, afirmando, em 1829, que os glaciares alpinos e os referidos amontoados de calhaus e blocos, tinham invadido as planuras suíças do Jura e que semelhantes materiais, vindos da Escandinávia, haviam atingido e coberto grande parte do norte da Alemanha e da Polónia, deixado aí amontoados de calhaus e grandes blocos isolados, mais tarde referidos, respectivamente, por moreias (ou morenas) e blocos erráticos.


Moreia


Dois anos depois, o engenheiro de minas alemão, Johann von Charpentier (1786-1855), director das minas de sal de Bex, na Suíça, veio em seu apoiou. Venetz foi, assim, o primeiro a interpretar a origem glaciária das moreias e blocos erráticos e o primeiro a reconhecer os glaciares como uma das mais poderosas forças actuantes na erosão do relevo. O livro que publicou, em 1833, sobre os Alpes suíços,Mémoire sur les variations de la température dans les Alpes de la Suisse, antecedeu em sete anos a obra do famoso Louis Agassiz (1807-1873). Anos mais tarde, confirmou o seu pensamento em Mémoire sur l’extension des anciens glaciers, renfermant quelques explications sur leurs effets remarquables, publicado, postumamente, em 1861, pela Sociedade Helvética de Ciências Naturais.





Bloco errático conservado na planura do norte da Polónia.



Entretanto, na Alemanha, Albrecht Reinhard Bernhardi (1797-1849), professor de silvicultura na Escola de Engenheiros Florestais de Dreissigacker, corroborava a ideia de Venetz e, em 1832, escrevia que, num passado recente, uma imensa capa de gelo, oriunda da região polar árctica, teria alastrado e invadido as planícies do norte da Europa, com as mesmas consequência apontadas pelo colega suíço. Com base nesta ideia, admitiu também que os glaciares alpinos poderiam ter tido, nesse mesmo passado, uma extensão igualmente alargada. «Se esta hipótese estiver correcta», dizia, «serão do mesmo tipo as acumulações de detritos rochosos semelhantes em outras áreas vizinhas dos Alpes». Nesta visão de Bernhardi, hoje confirmada, os vales alpinos, actualmente libertos de gelo, foram nesse tempo os leitos de poderosos glaciares que transportaram toda essa carga de detritos rochosos.







Glaciar de vale nos Alpes.




Ainda na Alemanha, Karl Friedrich Schimper (1803-1867), naturalista e poeta, professor na Universidade de Munique, foi o inovador do conceito de glaciação e da ideia da existência, na pré-história, de uma alternância de eras quentes e frias, dando início à discussão sobre os períodos glaciários e os ciclos climáticos. Segundo ele, a Europa, a Ásia e a América do Norte haviam sido, por diversas vezes, num passado geológico recente, invadidas por imensas capas de gelo. Ao mesmo tempo, na Escócia, James David Forbes (1809.1868 físico, geólogo e glaciologista, contribuía para este tema com o seu saber na área da física. Interessado nos glaciares da Suíça e da Noruega, definiu estas massas de gelo como fluidos imperfeitos ou corpos viscosos que deslizam pelas encostas com uma dada inclinação por efeito do seu próprio peso.



Atento a esta problemática, o suíço Jean Louis Rodolphe Agassiz (1807-1873), doutorado em medicina, produziu obra valiosa neste domínio, documentada na sua monumental memória, em dois volumes,Études sur les glaciers, publicada em 1840, tornando-se, assim, o nome mais conhecido no glacialismo. Professor de História Natural na Universidade de Neuchatel que, sob a sua orientação, se tornou uma das principais instituições de investigação científica do seu tempo, Agassiz ficou também conhecido como paleontólogo (na área dos peixes) e geólogo. Estudou com Alexander von Humboldt (1769-1859) que lhe abriu as portas à observação da paisagem física.



Em 1836, na companhia de Johann Charpentier, visitou os glaciares alpinos e as moreias de Diablerets e do Vale do Ródano. Na sequência desta visita, ele, que sempre fora céptico relativamente ao glacialismo, envolveu-se interessadamente na respectiva investigação. Como resultado desenvolveu uma teoria que apresentou à Sociedade Suíça de Ciências Naturais, de Neuchatel, em 1837, ao mesmo tempo que divulgava o conceito de Era Glaciária ou Idade do Gelo. Antes dele, outros (Venetz, Charpentier, Bernhardi) tinham observado as geleiras alpinas e chegado, praticamente, às mesmas conclusões, mas foi Agassiz que ficou na história deste capítulo da geologia. Nesta sua memória, discutiu os movimentos das línguas glaciárias, a sua influência na erosão dos respectivos vales, o desgaste e polimento das moreias e das rochas sobre as quais se deslocavam, estriando-as. Agassiz estendeu as suas observações às montanhas da Escócia, na companhia do reverendo inglês, William Buckland (1784-1856), decano de Westminster, e encontrou aí testemunhos seguros de glaciares antigos, à semelhança dos reconhecidos nos Alpes.



Também a Inglaterra, o País de Gales e a Irlanda lhe revelaram a existência de moreias e outros testemunhos de actividade glaciária na dependência das suas montanhas. Corroborando estas observações, o geólogo escocês Charles Lyell (1797-1875) revelava que os blocos rochosos, isolados e de natureza diferente da rocha que forma o terreno sobre o qual se encontram (blocos erráticos), foram transportados no seio das grandes massas de gelo dos glaciares de há milhares de anos. Mais tarde, Agassiz trocou a Europa pelos Estados Unidos da América, onde permaneceu até o fim de sua vida, em 1873, tendo ensinado zoologia e geologia na Universidade de Harvard e aí fundado o Museu de Zoologia.



Comparada, de que foi o primeiro director. Na continuação do seu trabalho na Europa, como glaciologista, ele foi, entre muitas outras actividades científicas e pedagógicas, um dos primeiros a estudar os efeitos da última glaciação na América do Norte, no que foi apoiado, mais tarde, pelo americano, James Dwight Dana (1813-1895). O Agassiz Lake, de origem glaciária, na região dos Grandes Lagos, o Agassiz Mount, na Califórnia, o Agassiz Peak, no Arizona, e o Agassiz Glacier, no Parque Nacional dos Glaciares, no Estado de Montana, são alguns dos acidente geográficos que evocam o seu nome.



O progresso acelerado dos conhecimentos geológicos nessa época, nomeadamente os revelados por Charles Lyell, levou William Buckland a reconhecer, em um dos oito volumes do famoso “Bridgewater Treatise”, que a abundância de blocos erráticos observados no terreno não confirmavam o relato bíblico do Dilúvio. Ele que, de início e como eclesiástico, julgara ter encontrado evidências geológicas do Dilúvio à escala mundial, passou a acreditar nas ideias de Agassiz sobre a Idade do Gelo que permitiam uma explicação plausível para o que lhe era dado observar no terreno.



Mais tarde, na Áustria, Eduard Brückner (1862-1927), geógrafo, climatologista e glaciologista, professor nas Universidades de Berna, Halle (na Saxónia, Alemanha) e Viena, chamava a atenção para a importância das mudanças climáticas e das consequentes flutuações do nível do mar. Especializou-se no estudo dos glaciares alpinos e, neste domínio, colaborou com o conhecido geógrafo alemão, Friedrich Karl Albrecht Penk (1858-1945), na obra em três volumes, Die Alpen im Eiszeitalter (Os Alpes na Idade do Gelo), editada em 1909. Nesse trabalho, admitiram a existência de quatro períodos glaciários que designaram, do mais antigo para o mais recente, por Gunz, Mindel, Riss e Würm. Do outro lado do oceano, o norte-americano Thomas Chrowder Chamberlin (1843-1928), geólogo e professor de geologia , fundador do Journal of Geology, reconheceu, nos depósitos glaciários (moreias) que cobrem parte do território do estado, outras tantas glaciações pleistocénicas, a que deu nomes ainda em uso: Nebraska,Kansas, Illinois e Wisconsin que, pela mesma ordem, correspondem às glaciações alpinas.



Glaciar de vale nos Alpes


Em Portugal, as Serras da Estrela e do Gerês conservam testemunhos da última glaciação (Würm) bloco-errático – bloco rochoso, por vezes de grandes dimensões, arrastado pelo gelo do glaciar e depois abandonado aquando do degelo. São reconhecíveis como tal porque, geralmente, assentam sobre terrenos de natureza diferente da sua e, nessa medida, são também considerados blocos-exóticos. São relíquias de antigas moreias frontais, que permitem reconstituir a extensão dos glaciares. moreia ou morena - acumulação de detritos de todas as dimensões transportados pelos glaciares.

Distingue-se uma moreia basal ou de fundo (que se acumula e desloca na base ou no fundo da língua glaciária); uma moreia dorsal ou mediana (acumulada longitudinalmente, como uma dorsal, na língua glaciária); uma moreia lateral (arrastado junto às duas margens da língua glaciária; uma moreia interna (dispersa no interior da língua glaciária) e uma moreia frontal (acumulada e empurrada na frente da língua glaciária). Por fusão e recuo do gelo, esta moreia pode constituir uma barragem natural e criar um lago a montante. Os tilitos são antigas moreias consolidadas.

Fonte:  Galopim de Carvalho, 19 de Outubro de 2013, De Rerum Natura

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Pilar da nebulosa da Carina


Composto por gás e poeira, o pilar retratado reside em um berçário estelar tempestuoso chamado nebulosa Carina, situada a 7.500 anos-luz de distância na constelação austral de Carina. 

Obtida em luz visível, a imagem mostra a ponta longa do pilar, banhada pelo brilho da luz de estrelas quentes e massivas fora da parte superior da imagem. Radiação e ventos rápidos (fluxos de partículas carregadas) dessas estrelas esculpem a coluna causando a formação de novas estrelas dentro dela. Flâmulas da gás e poeira podem ser vistos fluindo para fora da parte superior da estrutura.

Wide Field Camera 3 do Hubble observou a Nebulosa Carina em 24-30 julho de 2009. WFC3 foi instalado a bordo do Hubble maio 2009 durante a Missão de Manutenção 4. A imagem composta foi feita a partir de filtros que isolam a emissão a partir de ferro, o magnésio, o oxigênio, o hidrogênio e enxofre.



Crédito: NASA, ESA e Hubble SM4 ERO Equipe

sábado, 12 de outubro de 2013

Mistérios sobre a energia escura começarão a ser revelados no Chile


O observatório chileno de Cerro Tololo começou seus trabalhos de pesquisa no marco da experiência “The Dark Energy Survey”, ou DES, destinada a descobrir os mistérios sobre a energia escura.
Sua intervenção permitirá a observação detalhada da oitava parte do céu noturno. É na composição dele que aparentemente residem as pistas sobre a expansão do universo.
O telescópio Victor M. Blanco, instalado no Observatório Interamericano de Cerro Tololo, no Chile, possui uma envergadura de 4 metros e uma câmera digital especialmente projetada para obter 570 megapixels de resolução, a 5 mil graus quadrados.
Isso é suficiente para poder observar a movimentação de 300 milhões de galáxias em detalhes, além do comportamento de outras milhares de acumulações galácticas mais longínquas, supernovas e outros elementos do movimento universal.

Os dados obtidos serão processados pelo Centro Nacional para Aplicações de Supercomputação da Universidade de Illinois e, posteriormente, publicados para a comunidade cientifica.
Para quem não sabe, o conceito de energia escura surgiu com base nos fundamentos cosmológicos que tentaram explicar o fenômeno da expansão acelerada do universo, introduzido por Albert Einstein através da equação que determinou a imprecisão da estabilidade universal.
Como comprovado posteriormente, tudo o que existe encontra-se em expansão acelerada. A energia escura, que nada tem a ver com a matéria escura, representa o mistério central das leis da física.
Ela é a chave que permitirá uma organização teórica sobre as ideias do homem em relação ao universo e sua constante expansão.

Fonte: History Channel
https://www.facebook.com/mundodacienci

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Cientistas sugerem que água lunar surgiu antes da Terra







Cientistas apresentaram pesquisa na qual sugerem que a água encontrada na Lua poderia ter sido originada antes mesmo que a formação da Terra.


Um grupo de cientistas apresentou no Congresso Europeu de Ciências Planetárias de Londres uma pesquisa na qual sugerem que a água encontrada na Lua poderia ter sido originada antes mesmo que a formação da Terra.

O estudo foi realizado por uma equipe de cientistas da universidade britânica Open University e se baseia nas mostras lunares recolhidas pelos astronautas do programa Apolo, que deram evidências da existência de água na Lua.

Para realizar a pesquisa, os cientistas britânicos analisaram a quantidade de água presente dentro da apatita, um mineral de fosfato de cálcio achado nas mostras que foram extraídas da crosta lunar mais antiga.

"Estas são algumas das rochas mais antigas que temos da Lua e são inclusive anteriores às mais antigas que encontradas na Terra", explicou em comunicado Jessica Barnes, chefe do projeto.

Segundo a equipe, estas mostras de rocha lunar são as mais apropriadas para "compreender como a água se originou na Lua pouco após sua formação há cerca 4,5 bilhões de anos" e para "descobrir de que parte do Sistema Solar provém a água".

A partir das apreciáveis quantidades de água que foram encontradas dentro da estrutura cristalina da apatita, a equipe de Barnes também defendeu que o interior da Lua é muito mais úmido do que se achava.

Embora os cientistas não tenham conseguido identificar a origem exata de água lunar, a pesquisa destacou que poderia ter um vínculo comum entre a água da Lua e a Terra.

"A água da apatita que há nas rochas lunares analisadas tem um marcador isotópico muito similar ao da Terra e ao de alguns meteoritos de carbono", acrescentou Barnes.

"A extraordinária relação que há entre as mostras lunares e as reservas de água achadas na Terra sugerem que há uma origem comum para a água da Lua e da Terra", concluiu a cientista.

Fonte: In Exame.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Por que ser cientista? Por Marcelo Gleiser


Essa é uma pergunta que escuto frequentemente, quando converso com jovens ainda indecisos com relação a qual carreira seguir. Na verdade, o que vejo, e tenho certeza que meus colegas confirmam isso, é que a maioria absoluta dos jovens não tem a menor ideia do que significa ser um cientista ou como se constitui a carreira. Imagino que nem 5% da população brasileira possa mencionar o nome de três (ou um?) cientista brasileiro da atualidade. A questão não é essa constatação, que é óbvia, mas o que podemos fazer para mudar isso.

O primeiro obstáculo é o da invisibilidade. Se ninguém conhece um cientista, fora o que se vê na TV ou no cinema, fica difícil contemplar a possibilidade de uma carreira em ciências. Contraste isso com médicos, dentistas, professores, policiais, profissões que fazem parte da vida dos jovens. Quando um jovem imagina um cientista, provavelmente pensa no programa de TV "The Big Bang Theory", ou em uma foto do Einstein de língua de fora.

A solução é maior visibilidade: é ter cientistas visitando escolas públicas e particulares, incluindo estudantes de pós-graduação que, na maioria absoluta, têm uma bolsa de estudos do governo. Proponho que, como parte da bolsa, estudantes de mestrado e doutorado devam fazer uma visita ao ano (ou mais se desejarem) a uma escola local para conversar com as crianças sobre o seu trabalho de pesquisa e planos para suas carreiras. Sugiro que seus orientadores façam o mesmo.

Sim, eu faço isso com muita frequência, tanto no Brasil quanto nos EUA. Pelo menos uma visita ou palestra (às vezes via Skype) por mês. Não tira pedaço e é extremamente útil e gratificante.

O segundo obstáculo é o estigma de nerd. Cientista é o cara bobão, o que não tem nenhum amigo e por isso vira CDF. Grande bobagem. Tem cientista de todo jeito, e alguns são nerds, como são alguns médicos, dentistas e policiais, e outros são "supercool", com suas motocicletas, pranchas de surfe e sintetizadores. Tem nerd que é "cool". Tem cientista ateu e religioso, flamenguista e corintiano, conservador e comunista. A comunidade é tão variada quanto em qualquer outra profissão.

O terceiro obstáculo é o da motivação. Por que fazer ciência? Esse é o mais importante deles, e o que requer mais cuidado. A primeira razão para se fazer ciência é ter uma paixão declarada pela natureza, um desejo insaciável de desbravar os mistérios do mundo natural. Essa visão, sem dúvida romântica, é essencial para muita gente: fazemos ciência porque nenhuma outra profissão nos permite dedicar a vida a entender como funciona o mundo e como nós humanos nos encaixamos no grande esquema cósmico. Mesmo que o que cada um pode contribuir seja, na maioria dos casos, pouco, é o fazer parte desse processo de busca que nos leva em frente.

Existe também o lado útil da ciência, ligado diretamente a aplicações tecnológicas, em que novos materiais e novas tecnologias são postos a serviço da criação de produtos e da melhoria da qualidade de vida das pessoas. Mas dado que a preparação para a carreira é longa --depois da graduação ainda tem a pós com bolsas bem baixas-- sem a paixão fica difícil ver a utilidade da ciência como a única motivação. No meu caso, digo que faço ciência porque não me consigo imaginar fazendo outra coisa que me faça tão feliz. Mesmo com todas as barreiras da profissão, considero um privilégio poder pensar sobre o mundo. E poder dividir com os outros o que vou aprendendo no caminho.


Marcelo Gleiser é professor de física e astronomia do Dartmouth College, em Hanover (EUA). É vencedor de dois prêmios Jabuti e autor, mais recentemente, de "Criação Imperfeita". Escreve aos domingos na versão impressa de "Ciência" do Jornal Folha de São Paulo

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Planeta fora do Sistema Solar tem suas nuvens mapeadas pela 1ª vez


Exoplaneta Kepler-7b (à esq.), que tem 3 vezes o diâmetro de Júpiter (dir.), é o primeiro planeta fora do Sistema Solar a ter suas nuvens mapeadas (Foto: Nasa/JPL-Caltech/MIT)Exoplaneta Kepler-7b (à esquerda), que tem 3 vezes o diâmetro de Júpiter (direita), é o primeiro planeta fora do Sistema Solar a ter suas nuvens mapeadas (Foto: Nasa/JPL-Caltech/MIT)



Uma equipe de astrônomos mapeou, pela primeira vez, as nuvens de um planeta fora do Sistema Solar, chamado Kepler-7b. Os dados foram obtidos ao longo de mais de três anos, em diferentes fases do planeta (como as da Lua), por meio dos telescópios espaciais Kepler e Spitzer, da Nasa.

Com temperatura "escaldante", a mais de 1.000° C, esse gigante gasoso tem três vezes o diâmetro de Júpiter e um céu com nuvens mais densas do lado oeste. O Kepler-7b também reflete cerca de 50% da luz visível que incide sobre ele, e sua órbita em torno da estrela principal dura apenas cinco dias. Além disso, se o planeta pudesse ser colocado em uma banheira cheia de água, acabaria flutuando.

Descoberto em 2010, esse corpo celeste foi um dos primeiros exoplanetas detectados pelo telescópio Kepler, que ao todo já identificou mais de 150. Atualmente, o telescópio está com problemas em duas das quatro rodas que lhe dão estabilidade e precisão, e enquanto isso os astrônomos analisam os dados já coletados por ele.

Segundo os cientistas, estudar a atmosfera de planetas fora do Sistema Solar é um caminho para identificar possibilidade de vida em outras partes do Universo, principalmente em corpos mais parecidos com a Terra em tamanho e composição.

O mapa do Kepler-7b foi publicado na revista "Astrophysical Journal Letters" e teve participação do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), do Instituto de Tecnologia de Pasadena, na Califórnia, do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França, e das universidades da Califórnia, Yale e Northwestern, nos EUA, de Berna, na Suíça, e de Liège, na Bélgica.

Fonte da Informação: http://g1.globo.com/