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segunda-feira, 20 de maio de 2013

Passagem de meteoro no Sistema Solar formará nuvens azuis na Terra



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Pesquisador Paul Wiegert fez a simulação da passagem do meteoro no Sistema Solar
Foto: UOL

Em sua jornada em direção ao Sol, o cometa Ison deixará de lembrança para a Terra uma nuvem de poeira, o que deve provocar a formação de nuvens azuis e brilhantes nos pólos do planeta. Apesar dos números - seu tamanho é maior que o da Autrália, despejando mais de 50 toneladas de poeira no espaço por minuto - o material que se desprender do meteoro não formará estrelas cadentes.

Segundo Paul Wiegert, pesquisador da Universidade de Western Ontario, a expectativa é que a poeira comece a cair sobre a Terra em janeiro de 2014, mas não será percebida. Segundo o pesquisador, o diferencial da "chuva de meteoros" será as propriedades de atração do Sol e da Terra sobre as partículas.

Como as partes que se desprendem do cometa são pequenas, menores até que uma célula de sangue humano, sofrerão a pressão dos raios solares ao mesmo tempo que serão puxadas pela gravidade da Terra. 

Mas justamente por serem tão pequenas, essas partículas não formarão estrelas-cadentes e nem chegarão a ultrapassar a atmosfera do planeta, depositando-se nas camadas superiores da atmosfera da Terra. 

A única forma de perceber o rastro deixado pelo Ison será a formação de nuvens azuis brilhantes nos dois pólos da Terra.

Fonte: http://ne10.uol.com.br/

terça-feira, 16 de abril de 2013

Raridade: cometas tornam 2013 ano especial para a Astronomia


Cometa PanSTARRS passa sobre Las Vegas, nos Estados
UnidosFoto: Getty Images


Passagem de dois corpos brilhantes, C/2011 L4 PanSTARRS e C/2012 S1 ISON, visíveis a olho nu, fazem deste o Ano dos Cometas



O ano de 2013 é raro para a astronomia. Para muitos, pode ser considerado o Ano dos Cometas. O título se deve à passagem de dois cometas brilhantes, C/2011 L4 PanSTARRS e o C/2012 S1 ISON, visíveis a olho nu. A confluência no mesmo ano de dois cometas perceptíveis sem equipamentos de observação aconteceu pela última vez em 2007.

Esses eventos propiciam verdadeiro espetáculo. Grande parte da beleza reside na constituição dos cometas, compostos basicamente por gelo, além de poeira, formada por pequenos fragmentos rochosos e gases congelados.

A cauda de um cometa pode chegar a mais de 150 milhões de quilômetros (distância média entre a Terra e o Sol). Conforme Marcelo de Oliveira Souza, Doutor em Física, professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense e Coordenador do Clube de Astronomia Louis Cruls (CEFET - Campos dos Goytacazes/RJ), devido a perturbações gravitacionais ou colisões com outros corpos, os cometas passam a seguir órbita próximo ao Sol. Quando isso acontece, a radiação solar aquece a superfície do cometa e os gelos começam a derreter, passando do estado sólido ao gasoso, além de desprender a poeira, formando uma nuvem, composta ainda de gás, em torno do cometa.

"Essa nuvem é chamada de 'coma', que é afetada pela pressão da radiação da luz do Sol e forma um rastro na direção oposta ao astro, como se o Sol estivesse 'soprando' a coma, formando, assim, a cauda", explica Jorge Márcio Carvano, doutor em Astrofísica e pesquisador do Observatório Nacional, no Rio de Janeiro.

Essa constituição é resultado do processo de formação dos planetas. "Durante o processo de formação planetária, estes corpos foram 'expulsos' pelos planetas gigantes das regiões onde eles se formaram, para regiões ainda mais distantes: o cinturão de Kuiper e a nuvem de Oort", elucida Carvano. O Cinturão de Kuiper fica além da órbita de Netuno, em uma área que se estende entre 30 e 50 vezes a distância média da Terra ao Sol, em unidade astronômica (UA). Já em uma região mais afastada, entre 10 mil e 50 mil vezes a distância média da Terra ao Sol, fica a nuvem de Oort. "O Cinturão de Kuiper é considerado a origem dos cometas de períodos curtos e a nuvem de Oort, dos cometas de longo período", esclarece Souza.

Desde o final de fevereiro até a primeira quinzena de março, o Cometa PanSTARRS esteve visível para nós, brasileiros. Seu período de maior brilho ocorreu durante seu periélio, quando atingiu o ponto mais próximo do sol, a 45 milhões de quilômetros de distância, em 10 de março. "Esteve próximo o suficiente para que uma grande quantidade do gelo que compõe o núcleo do cometa derretesse e formasse um gigantesco rastro, tornando-se um cometa com uma enorme cauda", relembra Souza.

A partir de então, o cometa seguiu sua trajetória para se tornar visível a olho nu para os habitantes do hemisfério norte, e não está mais acessível aos observadores brasileiros. "Para nossas latitudes, o cometa aparece durante o dia, de modo que a claridade ofusca o brilho não só do cometa como dos demais astros", justifica Alexandre Amorim, coordenador de observações do Núcleo de Estudos e Observação Astronômica José Brazilício de Souza (NEOA-JBS) e coordenador da Seção de Cometas da Rede de Astronomia Observacional (REA-Brasil).

De acordo com Amorim, o Cometa PanSTARRS foi bastante noticiado pelos americanos e europeus por ser o cometa mais brilhante visível no hemisfério norte desde a aparição do Cometa Hale-Bopp, em 1997. "Os observadores do hemisfério norte não estavam em posição privilegiada para acompanhar os cometas C/2006 P1 McNaught (janeiro de 2007) e o C/2011 W3 Lovejoy (dezembro de 2011), e estes dois cometas foram muito mais espetaculares", argumenta.


ISON: "Bastante ativo"
A expectativa maior é pelo Cometa ISON. Ele deve ser detectado através de binóculos a partir do mês de outubro, ao amanhecer, e na segunda quinzena de novembro já deve ser possível vê-lo a olho nu. O ápice do seu brilho deve ocorrer no seu periélio, em 28 de novembro, quando ele deve passar a menos de 2 milhões de quilômetros do Sol.

Há a possibilidade de que ele atinja brilho suficiente para ser discernível em plena luz do dia. "Seria uma rara oportunidade de experimentar a mesma sensação daqueles observadores que testemunharam a passagem do Cometa Ikeya-Seki, em outubro de 1965, ou o Cometa Cruls, em setembro de 1882, quando estes dois astros foram visíveis em tais circunstâncias", explica Amorim.

No entanto, ainda há dúvidas se o cometa ISON conseguirá resistir à passagem muito próxima do Sol. "O seu núcleo pode ser destroçado", aponta Souza. Mas caso ele sobreviva, deve proporcionar um dos espetáculos mais incríveis da astronomia. Infelizmente, não deve ser possível observá-lo a partir da maior parte do Brasil.

Segundo Carvano, duas característica em comum entre os dois cometas são que ambos vêm da nuvem de Oort e estão em órbitas hiperbólicas. "Este tipo de órbita significa que esta vai ser a primeira e possivelmente a única vez que eles vão passar próximos ao Sol. Essa combinação de um cometa 'novo', com possivelmente uma boa quantidade de gelos, passando muito perto do Sol, sugere que o ISON deve ser um cometa bastante ativo", destaca.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Cometas ou Asteroides - De onde veio a água da Terra?

Muitos cientistas acreditam que a água que veio parar na Terra foi formada nos confins do Sistema Solar, além de Netuno. Contudo, um estudo divulgado em Julho de 2012 publicado na Revista Science indica que a substância veio de um região muito mais próxima - o Cinturão de Asteroides (entre Marte e Júpiter) - através de meteoritos e asteroides, o que contradiz algumas das principais teorias sobre a evolução do Sistema Solar.



Cinturão de asteroides, situado entre Marte e Júpiter

Pesquisadores afirmam que nosso planeta era quente demais nos seus primórdios para ter água (temperatura seria tão alta que as moléculas teriam sido "expulsas para o espaço") e, portanto, a substância deve ter vindo de fora. Uma das hipóteses afirma que ela se formou na região transneptuniana (que fica além de Netuno, o último planeta conhecido do sistema) e depois se moveu para mais perto do Sol, junto com cometas, meteoritos e asteroides. Contudo, é possível saber a distância em que as moléculas de água se formaram em relação ao Sol ao analisar os isótopos de hidrogênio presentes. Quanto mais longe da estrela, haverá menos radiação e, portanto, mais deutério (o átomo de hidrogênio "pesado", que tem um próton, um nêutron e um elétron, ao contrário do mais comum, que tem apenas um próton e um elétron).

O novo estudo comparou a presença de deutério no gelo trazido por condritos (um tipo de meteorito) e indicou que ela foi formada muito mais próxima de nós, no Cinturão de Asteroides (esses meteoritos não contêm mais água, mas a substância fica registrada através de um tipo de mineral chamado de silicato hidratado, e é o hidrogênio presente nele que é investigado). Além disso, comparando com os isótopos de cometas, a pesquisa indica que esses corpos se formaram em regiões diferentes dos asteroides e meteoritos e, portanto, não atuaram na origem da água no nosso planeta.

"Dois modelos dinâmicos têm os cometas e os meteoritos condritos se formando na mesma região, e alguns destes objetos devem ter sido injetados na região em que a Terra se formava. Contudo, a composição da água de cometa é inconsistente com nossos dados de meteoritos condritos. O que realmente deixa apenas os asteroides como fonte da água na Terra", diz ao Terra Conel Alexander, do Instituto Carnegie, líder do estudo.


Debate reaquecido



Nuvem de Oort, local de grande
concentração de cometas no Sistema Solar

Em 2011, a hipótese de que os cometas tiveram pouca importância na origem da água na Terra já estava com pouca força. Mas um estudo divulgado na revista Nature usou o telescópio Herschel, da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês), para descobrir que a composição do cometa Hartley 2 tem uma quantidade de deutérios similar à encontrada no oceano. Foi o primeiro cometa com essa composição, já que outros seis analisados anteriormente tinham uma quantidade de deutério muito diferente dos mares da Terra.

Contudo, o novo estudo também refuta essa possibilidade. Segundo os pesquisadores, o cometa não traz apenas água, mas também outras substâncias (inclusive orgânicas) que contêm hidrogênio. E a quantidade de deutério presente nos cometas ainda fica acima daquela observada no nosso planeta, o que impede que esses corpos sejam considerados como uma importante fonte de água.

"A recente medição do cometa Hartley 2 tem uma composição isotópica de hidrogênio parecida com a da Terra, mas nós argumentamos que todo o cometa, incluindo a matéria orgânica, é provavelmente rica demais em deutério para ser uma fonte da água da Terra", diz Alexander.
Sobram duas possíveis fontes, que devem ter atuado juntas: rochas do Cinturão de Asteroides e gases (hidrogênio e o oxigênio) que existiam na nebulosa na qual o Sistema Solar se formou. O estudo foi conduzido por pesquisadores do Instituto Carnegie (EUA), Universidade da Cidade de Nova York, Museu de História Natural de Londres e da Universidade de Alberta, no Canadá.




Nossa água provavelmente se formou nos primórdios do Sistema Solar



Fonte da informação: http://caronteiff.blogspot.com.br

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Asteroide passará próximo à Terra no dia 15 de fevereiro de 2013



Fonte da figura ilustrativa: http://4.bp.blogspot.com/


Um asteroide com 50 metros de diâmetro passará muito próximo à Terra em 15 fevereiro de 2013. O anúncio da descoberta foi feito no ano passado, pela Agência Espacial Europeia (ESA).

De acordo com os astrônomos, o corpo celeste batizado de 2012 DA14 fará sua trajetória bem mais próxima da Terra do que alguns dos 500 mil satélites comerciais que estão na órbita do planeta.

Mesmo sem ter calculado a rota do cometa, os cientistas garantem que o risco de impacto é zero, e que o asteroide passará a uma distância completamente segura do planeta. Por conta dessa proximidade (24 mil quilômetros da Terra), durante a sua próxima passagem, estimada para o dia 15 de fevereiro de 2013, será possível vê-lo com telescópios convencionais.

Segundo os estudos preliminares, o 2012 DA14 cruzará com a trajetória de nosso planeta duas vezes ao ano. Sua órbita é bem parecida com a da Terra, com período de translação de 366.24 dias.

Descoberto no dia 22 de fevereiro de 2012, em uma área onde não é comum a incidência de asteroides, o 2012 DA14 é descrito pelos pesquisadores como difícil de ser observado, justamente por conta de sua trajetória, que passa muito acima do plano orbital da Terra, e por isso pode ter passado despercebido.

Fonte da Informação: NATIONAL GEOGRAPHIC BRASIL ONLINE

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

O que é o Cinturão Principal de Asteróides?


O cinturão de asteróides principal localiza-se no nosso Sistema Solar, entre Marte e Júpiter. Alguns astrônomos sugeriram que um planeta separado ou um protoplaneta realmente se formou entre os dois planetas, mas o impacto de um cometa em alta velocidade fragmentou e espalhou o corpo recém formado para criar o que agora conhecemos como cinturão de asteróides principal.



Embora seja possível que os cometas e outros objetos grandes estivessem voando ao redor do sistema solar e fragmentando material durante os primeiros estágios, a maioria dos cientistas aceita uma teoria muito mais simples: a de que os asteróides são restos da formação do sistema solar que nunca se juntaram efetivamente como um planeta. Mas por que isso teria acontecido?

Se você observar a massa de Júpiter, verá que ela é extremamente grande. As pessoas se referem a ele como um gigante gasoso por uma boa razão: enquanto a massa da Terra tem aproximadamente 6x1024 quilogramas, estima-se que a massa de Júpiter tenha 2x1024 quilogramas. Está muito mais próxima do nosso Sol do que de planetas rochosos como Terra ou Marte.

O tamanho gigante de Júpiter seria suficiente para perturbar a matéria rochosa que caiu entre ele e Marte - sua forte tração gravitacional faria quaisquer possíveis protoplanetas colidirem e se desintegrarem em pedaços menores. Nós, então, ficaríamos com uma grande coleção espalhada de asteróides que orbita ao redor do Sol na mesma direção que a Terra - o cinturão de asteróides principal. Com seu centro cerca de 2,7 UA do Sol, o cinturão separa Marte e os demais planetas rochosos dos gigantes gasosos frios e massivos, como Júpiter e Saturno.



As falhas de Kirkwood

A força gravitacional de Júpiter afeta o cinturão até hoje - sua enorme massa atrapalha o caminho dos asteróides e cria grandes falhas no cinturão principal conhecidas como falhas de Kirkwood. Isso acontece devido à ressonância orbital, que é o ponto onde um corpo se alinha à órbita de outro corpo e sofre uma força. Por exemplo, um asteróide pode fazer duas órbitas completas ao redor do Sol no tempo que Júpiter leva para fazer uma. Órbita sim, órbita não, esse asteróide se alinharia a Júpiter, e sua órbita sofreria uma pequena mudança. Isso faz com que vários grupos diferentes de asteróides se agrupem, dependendo da freqüência com que giram ao redor do Sol - além disso, deixa várias falhas onde não há nenhum asteróide.

Existem também duas "nuvens" de asteróides na frente e atrás do caminho de Júpiter, conhecidas como troianos de Júpiter, que agem como uma espécie de guarda-costas ao redor do planeta. Dois grupos semelhantes são encontrados ao longo da órbita de Marte chamados de troianos de Marte.


Fonte: http://ciencia.hsw.uol.com.br

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Resquícios da formação do Sistema Solar

Encontramos este texto da Professora Sueli Viegas, da USP, no site CLICK CIENCIA
Como temos no GAIA o Observatório do Sistema Solar e gostamos de falar da origem do nosso sistema, postamos aqui a coluna da Professora, que explica a formação de uma forma bem bacana. 
Bom proveito na leitura!
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Há 4,5 bilhões de anos atrás, na periferia da Via Láctea, um processo tantas vezes repetido teve início mais uma vez: a formação do Sistema Solar. Numa nuvem gigante composta de moléculas e de grãos de poeira, uma parte mais densa que a sua vizinhança acumulou mais e mais matéria graças à atração gravitacional. Quando atinge massa suficiente, inicia a fase de contração, individualizando-se como a nebulosa solar primitiva. Sua rotação cria um achatamento e um disco se forma ao redor da zona central onde a grande concentração de matéria dará origem ao Sol. No disco, cujo raio atinge cerca de 300 vezes a atual distância Sol-Terra, nascerão os planetas a partir do acúmulo de matéria em diferentes pontos.

Esse nascimento não ocorre tranquilamente. Muito pelo contrário, durante cerca de 100.000 anos, o achatamento do disco provoca um aumento de sua densidade e da velocidade de suas moléculas e grãos de poeira. Esse movimento circular, que ocorre num ambiente turbulento e de densidade crescente, leva a colisões entre as partículas. Tudo isso, conjugado com a força gravitacional e efeitos do campo magnético, acaba facilitando a acréscimo de matéria no centro e o aparecimento de uma grande quantidade de condensações no disco – os embriões planetários. O crescimento desses embriões depende do resultado das colisões que continuam ocorrendo. Algumas colisões podem destruí-los. Outras colisões favorecem a aglutinação e o embrião cresce alguns centímetros por ano. Quanto maior o embrião, maior a chance de colidir com os menores e crescer, atingindo uma massa terrestre em cerca de alguns milhões de anos. 

Os planetas gigantes se formaram em 10 milhões de anos. Os maiores, Júpiter e Saturno, atingiram massas 317 e 95 vezes maiores que a da Terra e, provavelmente, ainda estão se movimentando numa órbita muito próxima daquela da época de formação. Já os dois outros planetas, Urano e Netuno, menos massivos , com 14 e 17 massas terrestres, foram mais suscetíveis a desvios da órbita devido às colisões com outros corpos em formação e à atração exercida pelos outros dois gigantes. Simulações numéricas confirmam que ambos devem ter crescido orbitando numa região do disco interna à órbita de Júpiter e nos milhões de anos seguintes, acabaram migrando para suas órbitas atuais, além de Saturno.

O tempo de formação dos planetas menores, Mercúrio, Venus, Terra e Marte, foi mais longo, entre 50 a 100 milhões de anos, com colisões e fusões com outros pré-planetas que cruzavam suas órbitas. A Lua foi formada numa dessas colisões.Nessa centena de milhões de anos, o Sol evoluiu e chegou à fase de fusão de hidrogênio no seu núcleo que garante o seu brilho desde então. Os planetas formados continuam sua translação ao redor do Sol nas órbitas bem estabelecidas. Tudo parece tranquilo. Será?

Vestígios da infância

Certamente o processo de formação das estruturas dos Sistema Solar, isto é, Sol, planetas e satélites, não foi 100% eficiente. Nem todo o material disponível acabou num dos grandes corpos. Parte dele foi expelido nas colisões da fase de formação e se perdeu no espaço. A outra parte dos detritos continua aprisionada pela força gravitacional do Sol e dos planetas. Esses detritos carregam na sua composição química os vestígios da infância do Sistema Solar. Vez por outra, algum desgarrado, cuja órbita intercepta a dos planetas internos, passa perto da Terra e vira notícia.

Esses resquícios, sem forma definida, têm tamanhos variáveis e podem atingir uma dimensão de dezenas de metros a centenas que quilômetros. Os chamados asteróides se localizam principalmente entre Marte e Júpiter, no chamado cinturão de asteróides. São agregados de minerais, gelo e metais, que resistiram ao aquecimento pela luz solar. Embora possam existir alguns milhões desses objetos, o total da massa nesse cinturão atinge apenas 4% da massa da Lua.

Mais distante, além da órbita de Netuno, encontra-se o chamado cinturão de Kuiper, astrônomo holandês que propôs em 1951 a possível existência de detritos nessa região, confirmada em 1977. Esses detritos são constituídos de substancias voláteis congeladas: água, metano e amônia, revelando que escaparam das regiões mais quentes e mais próximas do Sol, mas podem ter sua órbita modificada por colisões e voltar como cometas. O mais famoso é o Halley, que revisita a Terra a cada 76 anos.

Também na década de 1950, um outro astrônomo sugeriu a existência de uma de uma região esférica bem mais distante, envolvendo o Sistema Solar, que leva seu nome Nuvem de Oort. Esta seria também um berçário de cometas formada pelos detritos expelidos para além do cinturão de Kuiper na época das grandes colisões. Embora não haja uma confirmação observacional direta, essa hipótese é aceita pelos astrônomos como origem dos cometas de longo período, isto é, de 200 anos ou mais.



No painel acima, a distância ao Sol é indicada em minutos-, horas- ou anos-luz. A distância Sol–Terra e cerca de 8 minutos-luz. Para os dois cinturões, são dados o valor do raio das bordas interna e externa; e para a nuvem de Oort é listado seu raio.

Cometas, Asteróides e Meteoros

Os cometas, que trazem notícias de regiões mais distantes, são congelados mas ao se aproximarem mais e mais do Sol perdem parte do seu revestimento de poeira e gás,formando uma cauda. O aparecimento do cometa Halley foi registrado na antiguidade por chineses, babilônios; na Idade Média por europeus, e, na duas últimas passagens (1910 e 1985-1986) por muitos observadores. O painel ao lado mostra parte dos 70 metros da tapeçaria Bayeux, que conta a história da conquista da Inglaterra pelos normandos ocorrida no ano da visita do cometa. A visita de 1910 está representada num cartão postal sueco em 1910, mostrando a Lua e o Sol puxando o cometa que amedronta a Terra.

Na sua última passagem, o Halley pode ser estudado pela sonda espacial Giotto (ESA) cujas imagens revelaram um núcleo alongado com cerca de 15 quilômetros e uma cauda extensa que por efeito da pressão luz solar pode atingir milhões de quilômetros. Se o núcleo do cometa fosse do tamanho de uma cabeça humana, sua cabeleira teria cerca de uma dezena quilômetros!
A observação dos asteróides é dificultada pela distância e tamanho. Sem emitir luz própria, são vistos por telescópios ópticos quando refletem a luz solar em quantidade suficiente. A imagem do asteróide Eros é mostrada abaixo.


Amorfo, ele se aproxima da Terra, pois sua órbita cruza a de Marte. Com temperaturas baixas, sua observação é facilitada pelo uso de detetores de radiação infra-vermelha. Colocados em telescópios terrestres ou sondas espaciais fornecem dados mais detalhados desses objetos.

Já Ceres, mostrado abaixo,descoberto em 1801,foi considerado o maior asteróide conhecido. Entretanto, sua forma esférica (diâmetro de 950 km) lhe valeu a re-classificação como planeta anão ao lado de Plutão.



O efeito gravitacional do planetas, assim como perturbações geradas pela movimentação do Sol e sua corte no disco da Galáxia, podem induzir mudanças nas órbitas desses andarilhos, aproximando-os ou afastando-os da Terra. A aproximação facilita a observação. Por outro lado, podem ser atraídos pela Terra, entrar na atmosfera, aquecer por fricção e brilhar – são os meteoros, também conhecidos por estrelas cadentes. Sua luz permite estudar sua composição. Os pequenos queimam completamente, os maiores, reduzidos de tamanho pela queima, atingem a superfície (meteoritos) e são objeto de estudo.

Na vizinhança e muito mais distante

Um grupo de astrônomos do Observatório Nacional, chefiado pela Dra. Daniela Lazzaro, acaba de instalar um telescópio robótico no Sertão de Itaparica, PE, para observação remota e monitoramento de asteróides cuja órbita os aproxima da Terra.

O projeto IMPACTON, em parceria com instituições da França, Alemanha e Estados Unidos, conta com um telescópio de 1,0 metro de diâmetro com detetor operando em luz visível e infravermelha. Os resultados fornecerão informações sobre as propriedades físicas de muitos objetos, permitindo estudos estatísticos mais sólidos, assim como alvos para observação por telescópios maiores, consolidando resultados anteriores, além de prevenir encontros desagradáveis.

Desde a época em que cometas eram mensageiros de boas ou más notícias até hoje, muito se aprendeu sobre o Sistema Solar. Entretanto, a necessidade de acumular mais dados continua. Seja para aprofundar ainda mais o conhecimento do nosso entorno, seja para desvendar os mistérios dos novos sistemas estrela-planetas que tem sido descobertos.

De fato, recentemente foram detectados, pelo telescópio infravermelho espacial Spitzer/NASA, cometas bombardeando a estrela Eta Corvis, localizada a cerca de 60 anos-luz do Sol, além de disco de detritos relativamente, a menos de 25 minutos-luz da estrela, que deve ser resultado de colisões planetárias e cometárias. Esses resultados complementam observações com o satélite espacial IRAS na década de 1990, que indicaram a presença de de um disco mais distante, a cerca de 20 horas-luz – equivalente ao cinturão de Kuiper.

Nos próximos anos, descobertas desse tipo devem se acumular, alegrando os astrônomos e estimulando a curiosidade de jovens e adultos.



Fonte: http://www.clickciencia.ufscar.br/portal/edicao26/


A Professora Sueli Viegas é professora titular do Departamento de Astronomia da USP, é doutora em Astrofísica pela Universidade de Paris. Foi chefe do Departamento de Astronomia, assessora do CNPq e da Capes, pesquisadora visitante em várias universidades no exterior, representante brasileira na Rede Latino-americana de Astronomia, coordenadora do Núcleo de ExcelênciaGaláxias: Formação, Evolução e Atividade e do Núcleo de Pesquisa em Astrofísica da USP. Em 2005, foi agraciada com o prêmio Pesquisador Emérito do CNPq. Após sua aposentadoria, tem se dedicado à popularização da astronomia.