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segunda-feira, 18 de maio de 2015

Caminho das flores: projetos de manejo de flora garantem o cultivo sustentável das sempre-vivas no Alto Jequitinhonha



Nos confins dos Gerais, dezenas de comunidades extrativistas se espalham por pradarias repletas desempre-vivas (da família Eriocaulaceae), cuja maioria das espécies é endêmica da Serra do Espinhaço. Colhida durante o ano todo, a planta é um marco da economia de subsistência no Alto Jequitinhonha. De Serro a Diamantina, cerca de três mil famílias se ajustam a uma mesma cadeia produtiva. O biólogo do Instituto Pauline Reichstul, Renato Ramos, esclarece que pelo menos 20 municípios localizados entre as Serras Negra e do Cabral estão envolvidos direta ou indiretamente com a atividade. “O mercado de flores ornamentais gera renda para a população desde o início do século passado”, diz. “O pico da comercialização foi na Segunda Guerra Mundial, quando as flores eram utilizadas para a fabricação de arranjos fúnebres”, esclarece.

A coleta indiscriminada resultou, em 1997, na proibição do extrativismo, medida que gerou impacto imediato na rotina dos povos tradicionais. Do entrave, brotou o ímpeto capaz de transformar a realidade social dos moradores. Há 14 anos, diversos projetos de manejo controlado da flora são desenvolvidos em comunidades como a de Galheiros, na zona rural de Diamantina, e de Andrequicé e Raiz, distritos de Presidente Kubitschek.

As novas perspectivas asseguram fonte de trabalho e renda para inúmeras pessoas. “Os principais objetivos são diversificar a produção e incrementar os serviços, estimulando a capacidade de autogestão dos participantes”, afirma Ramos. Entre as ações – que contam com o apoio do SEBRAE, UFVJM e EMATER – destacam-se o cultivo de flores típicas em vaso para fins paisagísticos e a implantação de campos de flores experimentais para a confecção de artesanato. As práticas agregam valor aos produtos da flora nativa e garantem a oferta sustentável de matéria-prima, ampliando os potenciais do comércio local.

A região de biodiversidade farta tem no vínculo do sertanejo com as flores o caminho alvissareiro para a manutenção da cultura popular integrada ao meio ambiente. Não à toa o paisagista Roberto Burle Marx apelidou os campos rupestres do Cerrado de “o jardim do Brasil”.

Fonte da Informação: http://viajeaqui.abril.com.br/

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