Os fósseis antigos até hoje, conhecidos como estromatólitos têm 3,45 bilhões de anos. É difícil para nós até mesmo conseguirmos entender o tamanho disso tudo, mas J. William Schopf, o primeiro paleobiólogo que descobriu os fósseis em 1993, ajuda a colocar as coisas em uma perspectiva mais clara em seu livro "Cradle of Life: The Discoveries of Earth's Earliest Fossils.". Se toda a história da Terra fosse comprimida em um dia de 24 horas, diz Shopf, os humanos teriam chegado no último minuto do dia. Em comparação, os estromatólitos já estariam por ali por mais de 18 horas. Talvez ainda mais surpreendente seja o fato de que os estromatólitos continuam a se formar até hoje.
Ao contrário de fósseis como esqueletos de dinossauros, os estromatólitos nunca fizeram parte de um organismo vivo. No lugar disso, os estromatólitos se desenvolvem mais da mesma forma como um molde é tirado para uma estátua, preservando sua forma, mas não contendo um determinado objeto. No caso dos estromatólitos, o “molde” é composto por finas camadas de sedimento e carbonato de cálcio – a mesma substância que forma o calcário – que se acumula ao redor de complexas colônias de cianobactérias(também chamadas de algas azuis) e outros organismos unicelulares. Os estromatólitos se formam bem lentamente, e o seu processo de formação dura milhares de anos. Felizmente, os estromatólitos de cada período geológico ainda existem. Ao se dissecar e explorar cuidadosamente essas estruturas, os cientistas têm acesso a algumas das únicas pistas sobre como eram as primeiras vidas na Terra.
Depois da Terra ter se formado há aproximadamente 4,5 bilhões de anos, ela era totalmente inabitável. Na verdade, a superfície da Terra foi uma espécie de rocha derretida por cerca de 800 milhões de anos - e este não era exatamente um ambiente propício para se chamar de “lar” [fonte:Waggoner]. Depois da superfície terrestre ter se resfriado e se solidificado em placas continentais, apareceu o primeiro microorganismo. Entre os mais significantes estavam as cianobactérias, que prosperaram em bacias rasas de água salgada onde apesar de estarem protegidas dos raios solares intensos ainda ficavam perto da superfície já que dependiam do sol para a fotossíntese.
Com o passar do tempo, uma incrível variedade de estromatólitos se formou ao redor dessas colônias de cianobactérias e outras formas de vida primárias. Na verdade, a espantosa complexidade dessas estruturas é a melhor prova de que elas eram cheias de vida – caso contrário elas simplesmente não teriam se formado. De alguma forma, até mesmo as mais antigas dessas estruturas resistiram a bilhões de anos de turbulências geológicas antes de Schopf tê-las descoberto na Austrália Ocidental em 1993.
A descoberta desses estromatólitos em particular foi de extrema importância por inúmeras razões. Quando Darwin propôs a teoria da evolução pela primeira vez, ele reconheceu que lacunas nos registros fósseis representariam uma série ameaça à sua afirmação de que toda a vida teria se originado do mesmo e distante ancestral. Naquela época a tecnologia era muito limitada até mesmo para encontrar, quanto mais para identificar os fósseis e por mais de 100 anos as coisas ficaram exatamente assim. Alguns chegaram a pensar que as provas para esse “link faltante” entre a vida como a conhecemos e as primeiras formas de vida nunca seria descoberto, possivelmente por ter sido destruído durante eras de violentos terremotos e erosões.
No entanto, a descoberta de Schopf mudou as coisas. Os biólogos finalmente tiveram acesso a provas conclusivas sobre quando e quais foram os tipos de vida que primeiro habitaram a Terra, e por causa desse entendimento, os cientistas têm hoje uma ideia muito melhor de como a vida evoluiu. A atmosfera terrestre durante o período Arqueano, quando as cianobactérias e outras formas de vida primárias apareceram, era composta de metano, amônia e gases que seriam tóxicos para a maioria das formas de vida que conhecemos hoje. Atualmente, os cientistas acreditam que organismos como cianobactérias foram responsáveis por criar oxigênio através da respiração anaeróbica. Quem sabe o que os estromatólitos ainda podem nos ensinar sobre a vida na Terra?
Infelizmente, apesar de estromatólitos ainda continuarem a crescer em alguns lugares como o Parque Nacional Yellowstone, nos EUA, e regiões das Bahamas, eles já não são mais tão facilmente encontrados. Se nós não pudermos proteger essas formações incríveis, pode ser que a gente venha a perder para sempre um dos guardiões mais precisos e diligentes dos registros de nosso planeta.
Para ler mais:
http://ciencia.hsw.uol.com.br/
http://ciencia.hsw.uol.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário