Trabalho apresentado no
Ataliane Pereira dos Santos , Thayane David Silva
alunas do BHu/UFVJM orientadas pela Profa. Danielle Piuzana
Introdução
A educação no Ensino Fundamental e Médio é subsidiada pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN´s), que foram elaborados com o intuito de amenizar tal fragilidade orientando os professores com novas técnicas e conhecimentos a serem trabalhados em sala de aula para uma melhor formação do indivíduo. Porém é notado que tal prática apresenta-se de forma tímida ou inexistente em diversas escolas da região do Alto Jequitinhonha, mais especificamente em Diamantina. O Ensino de Ciências da Natureza tem sido frequentemente conduzido de forma desinteressante e pouco compreensível. As teorias científicas, por sua complexidade e alto nível de abstração, não são passíveis de comunicação direta aos alunos do Ensino Fundamental e Médio (BRASIL, 1998a, 2002). Seu ensino sempre requer adequação e seleção de conteúdos, pois não é mesmo possível ensinar o conjunto de conhecimentos científicos acumulados por meio de definições e classificações estanques que acabam sendo “decoradas” pelo estudante, contrariando as principais concepções de aprendizagem humana, como, por exemplo, aquela que a compreende como construção de significados pelo sujeito da aprendizagem (BRASIL, 1998a, 2002).
Nesta realidade foi criado em Diamantina o Projeto GAIA (Geociências, Arte, Interdisciplinaridade e Aprendizagem). O GAIA é um espaço de divulgação científica da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) em parceria com a UFMG com a finalidade de repassar o conhecimento em Geociências e suas interfaces diretas com a Geografia, Ciências e demais áreas de conhecimento de forma lúdica e artística para alunos da educação infantil, ensino fundamental, médio e superior assim como para a comunidade em geral. No espaço foram desenvolvidos os seguintes núcleos de exposição: Observatório do Sistema Solar, Túnel do Tempo Geológico, Núcleo de Paleontologia, Minerais e Rochas e Núcleo da Serra do Espinhaço Meridional.
Metodologia
Como metodologia, teve-se como ponto de partida a análise dos conteúdos em Ciências da Natureza, preconizados pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998a, b, c, 2002). Tendo como base as informações levantadas foram divididos diferentes espaços para exposições já citados acima, construídos de forma artística e lúdica, onde os visitantes têm a oportunidade de estar em contato direto com os objetos de estudo e gerar ideias que proporcionam uma interação maior entre oos mesmos e o conhecimento que lhe é passado.
O Núcleo do Observatório do Sistema Solar foi inspirado nos conteúdos de Física e Ciências dos PCN’s dos Ensinos Fundamental e Médio, nos quais possuem os temas “Terra e Universo” e “Universo, Terra e Vida” respectivamente. Esse núcleo, que consiste em uma maquete tridimensional, possui a representação do Sol e seus planetas, a Via Láctea e o Cinturão de Kuiper.Como pode-se ver na figura a. Abarcando os mesmos eixos já citados, construiu-se o Túnel do Tempo Geológico, que representa a evolução do planeta Terra, desde a criação do nosso satélite natural, a Lua, até a formação atual, com experimentos diversos ao longo da história da Terra. Como está reperesentado na figura b. O Núcleo de Paleontologia tem como objetivo desenvolver estratégias que permitam a aprendizagem dos conhecimentos paleontológicos de forma didática e atraente, levando o desenvolvimento de habilidades múltiplas. Esse Núcleo é formado por réplicas de fósseis de diversas eras e períodos geológicos, desde a Biota Ediacarana até os mamíferos da Megafauna Pleistocênica, despertando a curiosidade de visitantes de todas as faixas etárias sobre questões como a origem da vida. Pode-se observar na figura c. Além das informações passadas durante a exposição deste núcleo, também se enfatiza a educação ambiental, pois é necessário que os alunos reconheçam a importância de uma atitude responsável e cuidado com o meio em que vivem, por meio de um uso racional e sustentável dos recursos naturais (BRASIL, 1998a, 2002). O Núcleo de Minerais e Rochas conta com um acervo de 254 peças idealizado no eixo intitulado “Reconhecimento e caracterização das transformações químicas” do PCN de Química do Ensino Médio e tem como objetivo identificar transformações químicas pela percepção de mudanças na natureza dos materiais ou da energia, associando-as a uma dada escala de tempo. Por fim, para o Núcleo da Serra do Espinhaço Meridional foi construída uma maquete da serra no qual se prioriza o entendimento da geologia, hidrografia, vegetação e os principais sítios urbanos para que o visitante saiba reconhecer a paisagem local e o lugar em que se encontram inseridos.
Resultado e discussões
Desde a sua fundação, em meados de 2011, o espaço contou com 1.700 visitas sendo a grande maioria de alunos de escolas públicas de Diamantina e arredores além de curiosos e simpatizantes do trabalho. O Projeto GAIA está sendo bem aceito tanto pelos professores quanto pelos alunos, tendo em vista a qualidade dos núcleos apresentados, uma vez que os próprios professores não estão acostumados com o tipo de aula não formal, espaço que pode-se utilizar o lúdico no processo de aprendizagem. Com as visitas, passamos a acreditar que a diferença entre uma situação lúdica educativa, de outra de caráter apenas lúdico é simplesmente o fato da primeira ter uma intenção explícita de provocar aprendizagem significativa, estimulando a construção do conhecimento.
Considerações finais
O Projeto GAIA tem por princípio, proporcionar uma melhor forma de aprendizagem ao aluno, saindo da teoria para a prática, segundo o que é preconizado pelos Parâmetros Curriculares Nacionais principalmente na área temática de Ciências da Natureza por meio da utilização de práticas lúdicas como promotor de aprendizagem nas práticas escolares, possibilitando a aproximação dos alunos ao conhecimento científico. Por ser um Projeto de divulgação científica, observa-se que além deste público alvo, inúmeras pessoas que possuem interesse por espaços de ciência e divulgação científica vêm visitando o espaço GAIA. O Projeto vem ganhando visibilidade e credibilidade no meio acadêmico e passa no momento a ser convidado para Feiras de Ciências itinerantes, como a feira que será realizada em Santo Antônio do Itambé, MG, em novembro de 2012. Para tanto tem desenvolvido oficinas artísticas para confecção de materiais itinerantes referentes a cada Núcleo do Projeto.
Apoio: Casa da Glória/ IGC/ UFMG e FAPEMIG.
Referências
AMARAL, I. A. Oficinas de produção em ensino de ciências: uma proposta metodológica de formação continuada de professores. In: Anais XI Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino (XI ENDIPE). Goiânia, maio de 2002.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Ciências Naturais. Brasília, MEC/SEF., 136 p., 1998a. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/ciencias.pdf>. Acesso em: 07 set. 2012. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Terceiro e quarto ciclos: apresentação dos Temas Transversais. Brasília, MEC/SEF, 436 p., 1998b Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/ttransversais.pdf>. Acesso em: 07 set. 2012.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Geografia (Volume 5). Brasília, MEC/SEF. 1998c. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro051.pdf>. Acesso em: 07 de set. 2012. 2011.
BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: Ensino médio. Brasília: MEC. 2002. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/blegais.pdf>. Acesso em: 12 out. 2011.
LIMA, M. C., AGUIAR, O. G. Jr., BARGA, S. A. M. Aprender Ciências: um mundo de materiais. Belo Horizonte: UFMG, 1999. 88p.
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